terça-feira, 22 de setembro de 2009

Pequenos e encantadores



Adoro crianças.

Quer dizer, adoro não, amo: vou ser mãe coruja, tia babona, madrinha daquelas bem puxa-saco. Não posso ver um pequeno que já me derreto inteira, quero saber nome, idade, que bichinho é esse que ele tá segurando, se foi a mamãe que fez essa chuquinha, de quem é essa chupeta e por aí vai. Adoro pegar no colo, fazer carinho, cócegas, virar a criança de ponta cabeça – ou mesmo me virar de ponta cabeça, só pra fazê-la rir .

Outro dia, eu estava almoçando na faculdade, quando a filha pequenininha de uma professora minha entrou e comprou um picolé. Ela tirou-o do freezer na ponta dos pés, usou os dedinhos desajeitados para abrir o pacote, contemplou aquele doce colorido com um olhar maravilhado e, no auge da satisfação, saiu cantando com o sorvete na mão. Achei o máximo. Ela não podia ter sido mais espontânea ou demonstrado melhor o quão grande era a sua felicidade.

Talvez o que me deixe assim apaixonada seja exatamente isso: o fato de elas serem tão espontâneas, de fazerem exatamente o que todo mundo tem vontade, mas não faz, seja por falta de coragem, por convenção social, ou, simplesmente, por já nem perceber o quão maravilhosas as pequenas coisas são - gente grande acaba ficando muito acostumada... Pode ser por isso que eu ache demais ver o jeito que tudo encanta e entretém as crianças. Como é que um barulho, um botão ou uma careta podem, de repente, cessar uma crise de choro e provocar um ataque de risadas gostoso, daqueles que só um bebê consegue dar?

E a capacidade de olhar para uma coisa totalmente banal como se fosse preciosa? Elas fazem com que a gente, de repente, perceba como aquilo é realmente bonito e encantador. E assim, a gente acaba redescobrindo o mundo à medida que elas o descobrem e tudo parece ser surpresa.

Primeiro, aqueles olhos grandes param em algo que nós não havíamos nem notado... contemplam a coisa absolutamente maravilhados. Depois, eles se aproximam do objeto com a ponta dos dedinhos, tocam-no e, com um movimento rápido, geralmente agarram-no e o levam direto para a boca. Acho uma graça.

(Exceto, é claro, quando o objeto em questão é algum brinco ou corrente que eu estou usando)

Mas, o que me faz rir mesmo é quem diz que não tem a menor paciência com criança, algo que, pra mim, é totalmente anti-natural. O fator fofura, naruralmente embutido em todos eles, já é biologicamente projetado para quebrar qualquer possível barreira de antipatia... Como resisitir àqueles olhinhos grandes, àquelas bochechas gostosas, àquela pele lisinha e fresca, àquelas coisinhas tão graciosamente cabeçudas? Pra mim é como se houvesse um mecanismo automático de disparo de sorriso, acionado cada vez que os olhos encontram uma dessas pequenas criaturas. Ou, pelo menos, é assim que eu funciono.

Curioso é que as crianças geralmente se encantam por quem não dá a mínima pra elas. Parecem não ligar para o jeito meio seco e impaciente com que, às vezes, são tratadas e acabam, por fim, quebrando o gelo e fazendo com que a pessoa se renda aos seus encantos. É muito raro que essa redenção não aconteça. E, quando não acontece, é geralmente porque o sujeito já nasceu de mal com a vida, mesmo.

Pode até ser que eu seja um pouco besta. Ou pode ser que eu ainda não tenha crescido tudo o que devia crescer... Mas tenho certeza que vou continuar sempre assim: bem boba apaixonada por criança...

Pelo menos, até quando durar a minha vontade de cantar cada vez que eu comprar sorvete.

6 comentários:

Unknown disse...

As crianaças são realmente grandes professoras de simplicidade e coisas pequenas!!

Ná Saleh* disse...

Duda, vc é muito rápido! Mal tinha cabado de postar! o.O

Unknown disse...

Nana AMEI TD!!!
Meigo como vc!!!


Bjus
Amo muito!

Julia Carvalho disse...

Não gostei desse texto. Me lembrou que você vai embora. É ruim.

(tá, tá, nem é ruim...)

Já estou com saudades meu!

Beijão

PS: seu blog já está nos meus favoritos!

Vivien Morgato : disse...

Perder o encantamento com o mundo é algo que o universo adulto muitas vezes impoem.
Vivo buscando o primeiro olhar sobre tudo, mas hoje, é preciso fazer um exercício para isso.

Gustavo Souza disse...

Ahhh....não acredito...vc tah virando poeta é!!!??

Saudades do cursinho...bjão!!!

Guh