terça-feira, 16 de junho de 2009

A despeito de meus talentos inúteis

(e os talentos inúteis de todos os outros também)





Mas que orgulho, hein?


É uma delícia se gabar (mas só às vezes...) de coisas legais que você consegue fazer e as outras pessoas, não. Uns chamam de habilidade, outros de talento, outros de dom – esse último, particularmente me incomoda bastante. Dom é uma coisa meio... divina. Quase sobrenatural. Se alguém diz: “Ah, Fulano tem o DOM”, já me vem à cabeça alguma coisa entre o milagre dos pães e a cerimônia miraculosa de uma tribo tupinambá. Sim, é como se o tal Fulano fosse uma mistura de pajé com o Espírito Santo.
Por isso, prefiro chamar a tal “coisa” de talento. É simples, dá a idéia de que é algo único e ainda tem um som bacaninha. Pena que decidir o que é ou não talento, não é tão fácil quanto escolher um nome para chamá-lo. Um talento não vale só por ser algo difícil de executar, ou que exige alguma habilidade ou capacidade muito específica. É preciso que o talento, pra ser considerado como tal, seja útil.
Prova disso é que todo mundo consegue fazer alguma coisa muito particular, muito difícil, muito única... mas a maioria das pessoas não é considerada talentosa. Vai dizer que você não faz um barulho que ninguém consegue, que não é perito em equilibrar palitos de fósforo ou que você não caçava mais tatus-bola do que qualquer um dos seus coleguinhas? Todo mundo faz alguma coisa legal! A pergunta é... porque isso não pode ser um talento?
Infelizmente, a inutilidade dessas habilidades únicas de que é capaz o ser humano (deixando de lado uma certa carga de bizarrice, lógico) é medida por seu possível retorno financeiro. Não, não vou discorrer sobre o mundo capitalista corrompido em que vivemos (ou não, também)... Mas acontece que eu já parei pra pensar várias vezes que eu não conseguiria um centavo por meus próprios talentos inúteis.
Quem pagaria por uma arrumação de geladeira? Sim, pode ser aparentemente ridículo, mas eu sou perita em encaixar potinhos e mais potinhos em espaços milimetricamente calculados, onde o pessoal de casa acha que não caberia nem mais 1/4 de tomate. Você pagaria por esse serviço? Hein? Hein?
Outra coisa que eu arraso: pintura de crafts! Horas e horas de almoço são dedicadas à pintura de simpáticos crafts à serviço da Atlética da ECA (o que não faz desse talento algo assim tãão inútil), mas também não daria pra eu viver disso.("Oooolha o craft deiz réal, deiz réal...", imaginem só!)
Calma, calma que o melhor ainda está por vir, o meu talento mais recentemente descoberto: servir cerveja sem um pingo de colarinho. Isso aí, sem nem vestígio da golinha branca, faço cerveja parecer guaraná. E mesmo com esse DOM (qualquer bom bebedor acharia esse talento divino, pessoal!), minha coordenação motora jamais me permitiria ser garçonete, por exemplo. Aliás, de um modo geral, acho que esse talvez seja meu talento mais inútil, já que eu não bebo e menos ainda gosto de cerveja.

Agora, imagine só colocar tudo isso no meu currículo! O.o

Ok ok... já me convenci de que não ficarei rica com os meus talentos, acho melhor mesmo terminar a faculdade. Mas caso algum deles interesse a você, por favor deixe aqui o seu recado, que o preço a gente pode negociar.


P.S: Também sou excelente jogadora de Imagem e Ação e descasco ovos cozidos como ninguém – caso alguém queira saber.

3 comentários:

Helena Bertho Dias disse...

Eu lambo o nariz e o cotovelo. Isso não pode ser considerado um talento?
Eu te contrataria pra organizar minha geladeira e servir cerveja pra mim. Vou até anotar, quando eu tiver dinheiro pra isso, vc será contratada.

Unknown disse...

Poxa, mas servir cerveja sem nenhum colarinho é realmente um gift..mas fica a dica, aquele colarinho mínimo de dois dedinhos é tbe bastante válido (dizem rsss).

Vivien Morgato : disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...e escreve com maestria.