segunda-feira, 2 de junho de 2008

O Fantástico Mundo das Idéias – seu humor e seus caprichos


Você pode estar parado, ocioso, entretido na arte de caçar borboletas no teto... Mas, você também pode estar super concentrado, ocupado em decifrar um sudoku nível 4 em algarismos romanos, ou calculando a milionésima casa de pi. Não importa. Elas simplesmente não escolhem hora pra aparecer.
Às vezes fico pensando se é só comigo que acontecem coisas desse tipo! Será que são apenas as minhas idéias que gostam de me pregar peças?
Parece que quando preciso de alguma coisa extraordinariamente original, uma idéia daquelas de deixar todo mundo de queixo caído, a minha criatividade me deixa totalmente na mão e resolve ir passar uma temporada na Sibéria. Mas, quando eu menos espero (quando não espero nada, na verdade), quando minhas energias e meus pensamentos estão voltados pra outras coisas ou pra coisa alguma, eis que o milagre acontece.
De repente... Elas surgem!
E vêm... do nada.

É ridículo, mas as coisas mais legais que eu já desenhei (tá, não são muitas, e talvez nem sejam tão legais assim) estão em versos de provas, envelopes de correspondência já aberta, recibos de compras e sacos de pão. É, minhas idéias, adoram um bom e velho saco de pão. Parece que o lápis fica tímido numa folha em branco novinha, pronta pra ser preenchida. Acho que os lápis não lidam bem com tanto espaço assim disponível... (Também, olha o espaço que sobra pra eles dentro das caixinhas aonde eles vêm, coitadinhos! Tão grudadinhos uns nos outros...) Será que são os lápis que atrapalham as idéias?
Não, acho que não. A culpa deve ser toda delas, mesmo.
As idéias é que são inconvenientes, provocadoras! Sempre aparecem pegando a gente desprevenida, como se não quisessem ser capturadas jamais! Parece que é de maldade mesmo que elas fazem isso...
Comigo elas gostam até de brincar de esconder. Juro, verdade mesmo. Tem vezes em que eu preciso muuuito arranjar alguma delas por algum motivo e ponho a cabeça pra funcionar. Fico pensando, pensando... Aí de repente eu escuto aquele “Psiu!” vindo de trás da minha orelha! Olho pra frente e sei que lá está ela! É, é ela mesma! É ela a idéia de que eu preciso! “Ei, vem cá! Pare já onde você está!” digo eu, mas não adianta. Ela já correu com suas perninhas velozes e está escondida. Muito bem escondida por sinal. Tento chamá-la de volta, lembrar de algum detalhe seu que seja, mas não adianta. Tudo em vão. Ela já se foi. (Idéias são espertas demais...)
Tem vezes até em que elas aparecem sem que peçamos. Gentileza delas? Que nada! É só para nos provocar. Não suporto quando me ocorre aquela idéia e eu não tenho nem um mísero lenço de papel para poder anotá-la. Ou quando a idéia surge lá pelas 3h da manhã, durante aquelas acordadinhas rápidas que a gente às vezes dá sem motivo nenhum, e eu estou muito sonada pra levantar da cama, pegar um papel e anotar. (Com sono as coisas parecem tão mais difíceis...) Mesmo sabendo que no dia seguinte eu vou esquecer, minhas forças geralmente não são suficientes pra fazer tanto esforço. E lá se vai ela mais uma vez: perdida pela eternidade depois de ter dado brevemente o ar de sua graça. A idéia que a gente sabe que aparece uma vez só e nunca mais.
Aliás, elas amam aparecer de relance, só pra deixar a gente louca! Elas só fazem isso porque são ótimas corredoras! (Já disse que elas têm perninhas, não disse?) O pior é que elas sabem de seu valor: as idéias sabem muito bem que um homem sem elas é totalmente medíocre. Por isso elas se acham! E por isso mesmo é que elas fazem questão de nos dar tanto trabalho. Afinal, aquelas idéias que são realmente boas, ah, essas a gente tem que fazer por merecer! As idéias são muito seletivas... Não suportam gente folgada, desinteressada.
O duro é que elas são realmente muito geniosas...
O que é que se deve fazer quando elas são imprescindíveis de verdade? Pedir por favor não adianta. As idéias são extremamente insensíveis. O que fazer? O que fazer? Penso, penso, penso... e nenhuma idéia me aparece! (Acho que depois desse texto elas se envaideceram! Um texto falando apenas de suas vontades... Ficaram ainda mais metidas).
Ah, quer saber? Que se danem essas idéias todas! Não as quero mais! Sumam já daqui todas vocês! Vou cuidar de mim, da minha cabeça, dos meus pensamentos, dos meus sonhos... Vou fazer exatamente o que o Mário diz. Quando em mim estiver tudo pronto, quando eu estiver tranquila e bem-resolvida, quem sabe daí vocês não me aparecem?
O Mário diz que funciona com as suas borboletas, espero que com as minhas idéias funcione também...